quarta-feira, 8 de junho de 2011

LONGE DAS CÂMERAS PODE?

Estamos sendo vigiados constantemente, 24 horas por dias, 365 dias do ano. Primeiramente para termos mais segurança, então rapidamente mergulhamos em uma busca alucinante por câmeras e acessórios que nos proporcionassem mais tranquilidade e a sensação de controle. No inicio, apenas a placa sorria você está sendo filmado, já era o suficiente para causar constrangimento ou segurança, dependendo do lado em que estivéssemos.
Com o tempo descobrimos a magia em vigiar o outro, então, rapidamente inúmeros sites foram abarrotados por vídeos corriqueiros, divertidos e maldosos. Simples mortais se transformaram em verdadeiros fenômenos da mídia, muitos poderiam ter ficado no anonimato, pois não acrescentaram nada em nossas vidas.
Que a possibilidade de registrarmos tudo, em qualquer local e tempo, transformou nossos dias, isso é fato, que proporcionou mais segurança, isso é totalmente discutível, afinal, nunca antes assistimos em tempo real tanta violência, assaltos e assassinatos como hoje, as câmeras promovem o espetáculo, mas não evitam, muito menos inibem tais atrocidades.
Todo esse discurso é para refletir sobre um outro movimento que tal acessório tem produzido nas famílias brasileiras. Há poucos dias me deparei com uma situação bastante inquietante, uma mãe ao perceber que seu filho a respondera, procurou rapidamente se havia câmeras a sua volta e disse:"deixe eu ver se não tem câmeras, porque agora professora não pode mais bater em qualquer lugar, né!" Sentou em um banco e iniciou sua demonstração de total descontrole através de tapas, puxões de cabelo e ameaças. Situação no mínimo deprimente.
Essa mãe e outros tantos pais, se sentem constrangidos em revelar o quanto são frágeis e incapazes diante da difícil tarefa de educar seus filhos. É como se escondido, quando ninguém estiver observando, toda conduta fosse permitida, mas, longe das câmeras pode?
Penso que caminhamos tão longe no campo tecnológico, porém, ainda somos primatas ao tratarmos de nossas frustrações e impossibilidades em se relacionar com o outro.
MERYLIN FRANCIANE LABATUT

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